Viajar pelo sudoeste do Pará é uma aventura reveladora. A impressão é que você está em outro país. Um país ainda em formação, onde tudo está por fazer. Falta todo tipo de infraestrutura - de comunicação ao saneamento básico - e a maioria absoluta dos moradores são migrantes. Mineiros, goianos, baianos, gaúchos que chegaram e ainda chegam a essa nova fronteira atrás dos lucros recentes do agronegócio.
Durante um mês, percorri diversos municípios do sudeste do Pará fotografando para o banco de imagens da maior empresa mineradora brasileira, um dos maiores players internacionais do setor.
O ponto de partida foi a região da serra de Carajás onde se localiza sua principal mina que extrai ferro desde a década de 1970. De lá passei por Paraupebas, Canaã dos Carajás e Curionópolis, cidades jovens, todas com menos de trinta anos de idade. A região até hoje é lembrada por Serra Pelada, a gigantesca mina que deu origem a uma corrida do ouro na década de 80, quando mais de 100 mil homens se amontoaram atrás do metal precioso. Hoje, a mina abandonada de Serra Pelada é um enorme buraco feito por mãos humanas com um pequeno lago poluído por mercúrio no meio.
O que um dia foi selva, hoje é pasto. O sudoeste paraense é dominado pela pecuária extensiva, o que deu origem a uma cultura sui generis: o caubói amazônico. Tudo gira em torno do boi, da comida, à moda e à diversão. Homens e mulheres se vestem como vaqueiros texanos, com largos chapéus de feltro, grandes fivelas prateadas e botas de pontas finas. Rodeios e cavalgadas acontecem todo final de semana, invariavelmente acompanhados por caminhonetes tundas e as famosas “aparelhagens” tocando sucessos totalmente desconhecidos nas capitais do país.
Saindo das cidades em direção as minas, outro choque. Repentinamente, as grandes pastagens dão lugar à floresta amazônica. Em torno da mina que vou fotografar está a Flona (Floresta Nacional) de Carajás, uma área de preservação ambiental de 400 mil hectares mantidas pela empresa. Saio do Texas para a selva em alguns quilômetros rodados.
O Pará é um dos maiores depósitos de minério do mundo. Além do ferro, seu solo é rico em cobre e níquel. É óbvio que a mineração tem um forte impacto no meio ambiente, mas foi revelador constatar o esforço em minimizá-lo através de diferentes contrapartidas. Há um grande suporte a projetos sociais, que vão desde a assistência a população em diferentes áreas até ao apoio a projetos de geração de renda, fundamental para manter a população jovem no local.
Ainda sobre meio ambiente, foi marcante ver vários projetos de preservação e de pesquisa sobre a fauna e a flora única da Amazônia, Na Flona de Carajás, por exemplo, se encontra a Canga, um bioma único que ocorre em solo rico em ferro. Ao todo, a empresa tem sob sua responsabilidade uma área no Pará de aproximadamente um milhão de hectares de preservação em parceria com o ICMBio, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente.
O banco de imagens que fizemos - com uma Canon 5D Mark IV e drone DJI Phantom Pro 4 - vai além do mero registro de uma empresa. Ele mostra os desafios de uma região que está crescendo e se alterando rapidamente. Espero que ele sirva como retrato desse momento para que possamos conhecer e entender melhor a enorme diversidade de nosso país.